Um pouco de Brasil na minha Dinamarca


Meu segundo fim de semana passou voando, mas trouxe um pouquinho do Brasil para mim, não me deixando tão imersa nessa minha segunda vida e me lembrando do que deixei pra trás. Minha amiga Luiza chegou no sábado de tarde para me visitar e fui buscá-la no aeroporto. Foi a coisa mais esquisita do mundo poder falar minha própria língua depois de mais de uma semana falando tudo, menos português. Perdi a conta do número de vezes que comecei uma frase em inglês e ela olhou pra mim sem entender porque eu estava estranha.
Depois de comer, pegamos o trem para Valby, onde uma amiga minha mora, e andamos MUITO pra chegar, porque eu estava perdida e não sabia chegar no bendito prédio. Neve demais e peso demais, quase matei a pobre coitada da Luiza, mas chegamos. Essa minha amiga é a Camilla, ela era minha vizinha na segunda família do meu tempo de intercambista, e além de ser um amor de pessoa, ela tem uma paciência de Jó porque animava passar chapinha no meu cabelo (super volumoso e super duro) toda vez que a gente saía, como não amar né?

Íamos sair para uma boate mais tarde e começamos a beber. Eu já sabia que os dinamarqueses bebem mais que a gente, mas fiquei chocada quando resolvi medir o quanto a mais que eles bebem. Comecei a comparar o que eu bebia com a Camilla, a Lú não podia entrar na competição porque tava sofrendo com o jetlag, coitada. Eu bebi uma latinha de cidra, depois 3 de cerveja e um copo de Bacardi com suco. Ela bebeu Uma garrafa de champagne inteira, 2 cidras, 3 copos de Bacardi com suco, mais o resto quando eu parei de contar. Fígado viking, ou o que? E quero deixar bem claro que eu não sou mulherzinha pra bebida não ein!


Saímos e eu tive a brilhante ideia de ir de short, camiseta de alcinha, casaco e mais nada... Só retardo mental explica! Devia estar uns 2 graus negativos e eu juro que nunca senti tanto frio em toda minha vida, parabéns pra mim.


A boate era ok, eu já ido lá, pagamos pouco mais de 50 reais e era open bar, o que foi bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque open bar é sempre bom, e ruim porque a bebida de graça foi uma arma e tanto para as meninas que detestaram a ideia de ter duas brasileiras no território delas. Parece que todo mundo meio que se conhecia naquele lugar, era uma boate pequena, e a notícia da chegada das intrusas se espalhou rápido demais. Todas as meninas olhavam meio torto pra gente, e AI do menino que olhasse também, ou ele levava um empurrão ou eu. Se ele viesse conversar então eu era alvo de ódio mortal, teve até uma hora que um menino que já estava ficando com uma menina veio falar comigo e que me rendeu um drink inteirinho jogado no meu cabelo. Biscates alto nível né? Pelo menos a vodka era Absolut.


A boate não rendeu muita coisa boa, mas mesmo assim chegamos em casa depois das 5 da mnhã. Acordamos destruídas no dia seguinte e eu e Lú fomos encontrar com um amigo (ou O amigo :p), porque ele tinha marcado de me mostrar algumas coisas da cidade já há algum tempo. Andamos muito, MUITO mesmo, e olha que eu gosto de andar, mas foi meio demais pra mim. Ele nos levou na casa da orquestra real onde assistimos uma apresentação de piano e voz, depois passeamos pelo parque, pelas ruas do bairro dele, tomamos um chocolate quente delicioso, fomos a um museu, compramos comida italiana e terminamos o dia na casa dele comendo o melhor macarrão que eu já comi na vida, bebendo vinho e conversando. 


Segunda acordamos cedo, guardamos as malas na Estação Central e fomos às compraaaaas! Quase nada estava aberto, as coisas abrem por volta de 10:00, se não mais tarde, e fecham super cedo, uma tristeza. Ficamos andando pelas ruas vazias até que ví uma mocinha perguntando alguma coisa para as pessoas na rua. Quando ela me viu, para o meu pânico, veio em minha direção e eu fiz cara feia porque detesto esse povo que fica tentando te enfiar alguma coisa doida para você comprar, mas ela abriu um sorriso e disse:


-Quer nos ajudar a abrir a loja da Disney?

Minha cabeça super adulta e centrada falou que aquilo era uma bobeira sem fim, mas como eu nunca escuto essa chata eu respondi com o maior sorriso do mundo:
-Claaaaaro!

Fizeram o maior teatro, as arvores começaram a piscar, a música começou a tocar, falaram da magia da loja, dos personagens, da minha princesa favorita (Bela, sempre), bateram palmas, fizeram UHUL e me deram uma chave verde enoooooorme para que, no final da contagem regressiva super animada, eu pudesse abrir a loja. Bando de doidos, mas eu amei!


Passamos o resto da manhã pelas ruas e de tarde voltamos para a minha cidade, onde a Luiza pode ver como moro no meio do nada e como é o nada mais lindo desse mundo.