Chile é para os fortes

Dia 15 – 04/01- Rumo ao Chile





Acordamos cedo para viajar para Arica, no Chile, mas claro que não era necessário porque, como sempre, o ônibus demorou mais de uma hora e meia para sair. Foi uma viagem meio tensa, além de muito longa, o ar condicionado não funcionava e colocaram o filme “As Branquelas” na TV. Eu amo esse filme do fundo do meu coração, mas quando colocam na maior altura, em uma caixa de som estourada e dublado em espanhol, perde toda a graça e só serve pra te irritar ainda mais.

Estradas e mais estradas
Tirando isso, tudo corria normalmente, até que o ônibus parou no meio do nada e pediram para todos descerem. Era uma espécie de alfândega, o que era muito estanho porque ainda estávamos bem longe da fronteira. Quando descemos vimos um monte de fotos de frutas cheias de moscas e uma placa gigantesca que dizia “Montegua, a cidade livre de moscas de fruta”. Desciam nossas malas e os oficiais começaram a examinar nossas bagagens e nos perguntaram se tínhamos alguma fruta conosco, bizarro! Gostaria de explicar o que era aquilo, mas até agora não sabemos o motivo daquela obsessão.

Chegamos em Tacna, ainda no Peru, onde pegamos um Taxi que cruzaria a fronteira para o Chile. É o jeito mais comum de se fazer a travessia e os taxistas estão super acostumados com o processo todo e foi tudo muito tranquilo. Quando chegamos na aduana do Chile, o cão farejador ficou atrás da Samantha. O oficial logo veio ver o que acontecia e perguntou se estávamos levando alguma fruta (de novo essa história). Sá disse que não, que na verdade levava folhas de coca. Ele disse tranquilamente “Folha de coca tudo bem, mas fruta vocês não podem levar”. Ok né?

Chegamos em Arica super animadas, achando que dava pra pegar uma prainha porque ainda eram três da tarde, mas imaginem nossa decepção quando lembramos que o fuso horário era 2 horas à frente do Peru e já estava quase no fim do dia. Não dos deixamos abater, guardamos as mochilas na rodoviária e fomos pra praia. Comemos crepes com os pés na areia vendo o pôr do sol.
Praia de Arica

Às 23:00 pegamos o ônibus em direção a Callama. Ônibus mais ou menos e, claro, minha poltrona estava quebrada.

Dia 16 – 05/01: Parte 1- Conhecendo San Pedro de Atacama

Chegamos em Callama junto com o sol e o ônibus no largou, literalmente, no meio da rua. Por sorte um senhor nos ofereceu uma carona por um preço camarada até a rodoviária da cidade.

Eu estava passando muito mal por conta da falta de comida de verdade do dia anterior. Nossos dias de viagem eram sempre sustentados à água e Pringles e depois de um certo ponto não há estômago que aguente. Pelo menos não demorou muito pro ônibus para San Pedro de Atacama sair.

A viagem para San Pedro demorava apenas duas horas, mas o ônibus era tão confortável que eu bem que aceitaria umas 5 horinhas a mais pra dormir.

Chegando lá tomamos um sustinho com o lugar. Ela uma vilinha no meio do deserto com casas de barro e estrada de terra batida. Até a rodoviária era de terra. Fafá achou um camarada com uma caminhonete que nos levou até o hostel. Chegando no hostel encontramos com Lyncoln e Bruno, os meninos de Arequipa, que coincidentemente reservaram o mesmo lugar que a gente.

Quando fomos deixar as mochilas no quarto vimos que tinha um gringo deitado na cama que ficou muito sem graça quando chegamos. Não entendemos bem o porquê. Resolvemos, então, tomar banho e etc. O gringo não saia da cama de jeito nenhum, mesmo com a moça do hostel gritando que ele tinha apenas alguns minutos para o check out. Eu achei tudo muito estranho, mas fui dar uma volta pelo lugar. Quando voltei pro quarto as meninas me contaram “ele não queria sair porque estava completamente pelado”. Gente! Sem noção!

San Pedro de Atacama
Eu, Sá e Fafá fomos comer e tivemos uma ingrata surpresa ao descobrir que tudo naquela cidade era ridiculamente caro. Acabamos por comer um cachorro quente com abacate. A ideia parece meio nojenta, mas ele é MUITO bom. É chamado de “completo” e é muito comum no Chile. Foi a primeira refeição do dia, e já passava de uma hora da tarde.


Depois do almoço encontramos com Fernandinha e os meninos que estavam todos animados. Eles nos contaram que conseguiram um passeio para andar de board nas dunas do Valle de La Muerte por um preço bem camarada. Apesar de ter passado o dia anterior inteiro na estrada, a noite sem dormir e aquele dia sem comer direito, topamos a aventura achando que ia ser tranquilo. Ai, se eu soubesse...