Vi elsker København


(antes de começar a escrever já vou avisando que se eu ando confundindo Copenhague com Copenhagen esses dias, sei lá porque, e se sair errado aqui não me crucifiquem)

E o quarto fim de semana se foi, aliás, mais da metade dessa minha aventura já está para trás. Não sei se passou rápido ou devagar, só sei em que estou entre a vontade de voltar para o Brasil e vontade de fazer muito mais aqui, ver mais gente, aprender mais, aproveitar o que já tenho...


A semana em si foi normal, como todas que ando tendo por aqui, muitas horas na frente de um computador, muito inglês e dinamarquês, visitas à vovó fofa, cinema com os host pais, jantares, chás, chocolates...o de sempre.
O fim de semana foi anormal e cansativo, como sempre também. Era o último fim de semana da Lú aqui e fui encontrar com ela em Copenhagen e visitar os meus lugares favoritos.

Logo quando cheguei fomos fazer umas compras no supermercado local e quando estava pegando o meu amado Mokai (se você não sabe o que é, não sabe o que está perdendo) encontrei com Awiti, uma antiga colega de sala que mora com a Maya hoje em dia. Resolvemos passar na casa delas e depois as duas foram para o nosso hotel. Ficamos todas sentadas na cama jogando conversa fora, elas tentando me convencer a mudar para a Dinamarca, eu chamando-as para o Brasil.
Só na entrada que pode tirar fotos

Depois fomos até à Christiania. Não sei se já falei desse lugar aqui, mas sempre vale contar mais. Uma espécie de comunidade criada nos anos 70, se eu não me engano, quando algumas pessoas ocuparam uma área abandonada da cidade. A Christiania é considerada uma cidade livre, não é controlada pelo governo dinamarquês e quem administra o local são os próprios moradores em um espécie de anarquia. Eles tem escolas, lojas, restaurantes e tudo mais e vivem muito bem em harmonia, decidindo juntos sobre o futuro da comunidade, respeitando a todos e sem hierarquias. As autoridades dinamarquesas já tentaram acabar com a Christiania diversas vezes, mas sem sucesso, eles são muito organizados e tem muito apoio. Os motivos pelos quais querem acabar com a Christiania são vários, mas principalmente porque eles não pagam impostos e lá dentro a venda e uso da maconha são liberados. No Green Light District você vê as bancas de ervas e cigarros prontos de todos os tipos, vê também pessoas sentadas ao redor de latões cheios de fogo fumando, vê turistas comprando lembrancinhas e os moradores simplesmente indo para suas casas em bicicletas. Há diversos cafés por lá onde é permitido fumar, mas eles não vendem nada com álcool. Outras regras são a de não tirar fotos, não correr (causa pânico) e não é permitido usar e vender certas drogas mais pesadas.

Enfim, fui com a Lú lá porque independente de ser contra ou a favor da maconha eu acho a Christiania um lugar super interessante por sua história e ideologia que vão muito além das drogas. Passeamos um pouco por lá. É um lugar feio e bonito ao mesmo tempo, feio por conta dos latões negros cheio de fogo espalhandos pela praça, da grama meio sem cortar, pelos prédios velhos e escuros, mas muito bonito pelo lago, pela floresta, pelas casa únicas e interessantes, pelas artes nas paredes e muros e principalmente pelas pessoas agradáveis que lá vivem.

Quem não ama esses guardinhas?

Ainda em Copenhague, visitamos Amalienborg, o castelo de inverno da Rainha Margrethe, ou Margarida, como falam no Brasil, ou Dona Margarete, como eu e Lú gostamos de chamar, porque fica parecendo que ela é nossa comadre. A dona Margarete é a rainha mais legal de todos os tempos, não vou falar que ela é simples, nem humilde, porque isso deve ser impossível para uma rainha, mas acho que ela é muito mais próxima do povo do que muita rainha por ai. Ela não anda com muita segurança, visita escolas, está sempre fumando, anda com roupas normais e dizem que ela as vezes atende a porta da própria casa. Eu já a vi 2 vezes nessas minhas vindas à Dinamarca, uma vez, no ano passado, em seu jubileu de 40 anos em que ela apareceu na sacada de Amalienborg com sua família linda e a outra vez, há 3 anos, foi quando eu estava esperando para assistir um ballet no teatro de Copenhagen e todos levantaram de repente e quando vi, era a rainha acenando e sorrindo, indo se sentar no seu lugar para ver o ballet também. Detalhe que na porta não se via nada demais de segurança. 

De volta ao castelo, tiramos muitas fotos, fizemos hora com os guardinhas, a Lú levou um chega pra lá de um quando ela estava em seu caminho e partimos de novo para ver a Igreja de Frederiks, The Opena House e o charmosinho Nyhavn.

Os pontinhos pretos perto da outra ponte são as bicicletas

Outra coisa que fizemos em Copenhague não foi bem em Copenhague, pois resolvemos ir para Malmö, na Suécia, cerca de 25 minutos de trem de Copenhague, mais perto que a cidade que moro agora né! Custou por volta de 40 reais, ida e volta, razoável quando você pensa que é uma viagem para outro país. Eu já tinha ido lá há algumas semanas com a Maya, mas o lugar estava bem diferente. Tinha nevado e o frio estava INSUPORTÁVEL! Tão frio, mas tão frio que o rio da cidade congelou e vimos, não uma, mas duas bicicletas em cima do rio, lá, paradonas, como se fosse em um chão duro e não água. Passeamos um pouco e comemos, mas não aguentamos muito e voltamos para a Dinamarca e seus agradáveis e suportáveis 0 graus.


De noite fomos para um lugar chamado Club Mambo com a minha amiga Camilla. Eu também já estive lá, mas há muito tempo atrás. Cheguei e achei tudo meio estranho porque todo mundo só falava inglês, inclusive os funcionários, mesmo com os dinamarqueses. Logo descobri o porque, devia ter mais latino americano do que qualquer outra coisa naquele lugar. Uma loucura! Uma brasileirada sem fim, coisa que nunca vi igual aqui na Dinamarca. O lugar era tão latino que em uma das pistas de dança só tocava salsa, reggaeton, sertanejo e funk, bizarro. O pior é que dessa vez nem me destaquei com meu rebolado porque tinha gente que dançava mil vezes melhor que eu. Na outra pista de dança estava rolando uma batalha de Hip Hop e foi super bacana de assistir, a galera dançava bem demaaaaaais! Então perceberam que não foi o melhor dia para mostrar os meus talentos né?


O fim de semana acabou rápido demais e acordei na segunda feira às 4:30 da manhã sem acreditar que teria que pegar um trem e estaria na minha cidade dalí a algumas horinhas trabalhando. O dia no trabalho foi longo demais e quando o relógio finalmente marcou 16:00 eu recebi uma mensagem da minha host mãe falando que eu teria que voltar de bicicleta. E lá fui eu, coloquei minha mochilinha de 9kg nas costas, minhas luvas, destranquei minha bike muito magrelinha e parti para os 4km até a minha casa num vento danado. Enquanto estava no meio do caminho, morta, com o rosto gelado, a parte de dentro do casaco pegando fogo, tentando me equilibrar nos bolos de neve, quase caindo com o vendo no sentido oposto e minha mochila pesada, reclamando do meu azar e com pior o humor do mundo, vi um cervo, ainda jovem, pulando assustado do meu lado. Ele me acompanhou por poucos segundos, mas a imagem daquele animal tão lindo e tão gracioso, saltando pela neve até sumir de novo pela floresta me acompanhou até em casa e enquanto trancava a minha magrelinha eu pensava "Eu sou a pessoa mais sortuda do mundo".